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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Vestibular PUCSP 2011.2 - Prova de História


A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP - é uma universidade paulista bastante tradicional e figura entre as melhores instituições privadas do Brasil.
Esta instituição adota o processo de vestibular unificado com uma única prova de 45 testes objetivos de 9 disciplinas diferentes, sendo 5 questões por disciplina; e ainda algumas questões interdisciplinares subjetivas.

Resolveremos abaixo a prova de História do Vestibular 2011.2

01) (PUCSP)

"O mundo grego foi, basicamente, um mundo da palavra falada e não da escrita."
Moses I. Finley. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988, p. 30

A constatação acima, relativa à Grécia antiga, pode ser justificada
a) pelo desconhecimento da escrita, que impedia quaisquer registros oficiais nas cidades-estado gregas.
b) pela importância do teatro, dos arautos e dos aedos, que contribuíam para a preservação da memória coletiva.
c) pelo caráter representativo da democracia ateniense, que tornava desnecessária a participação direta dos cidadãos.
d) pela valorização das atividades físicas e militares, que prescindiam da alfabetização dos jovens.
e) pelo grande número de escravos presentes nas cidades-estado, que eram totalmente analfabetos.

Comentário: A oralidade foi uma característica muito marcante no mundo grego. Embora se conhecesse o processo de escrita os mitos, as histórias heroicas eram repassadas familiarmente através de conversas e do próprio teatro, o que de fato colaborou para a preservação de uma identidade e memória coletiva.


02) (PUCSP)

"Enquanto as caravelas cruzavam os mares obedecendo a cálculos precisos, multidões se deliciavam, na Corte, com os espetáculos de Gil Vicente, onde se abria espaço às práticas cotidianas do povo comum, eivadas de magismo e de maravilhoso. Os processos quinhentistas da Inquisição atestam como era corriqueiro o recurso a filtros e poções mágicas, e difundida a crença nos poderes extraordinários do Demônio."
Laura de Mello e Souza. Inferno atlântico. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 21-22

O texto caracteriza a época da expansão marítima europeia (séculos XV e XVI) e destaca
a) a vitória definitiva do pensamento racional sobre os valores religiosos e obscurantistas que caracterizavam a Idade Média.
b) uma cruzada religiosa contra os infiéis e a tentativa cristã de libertar Jerusalém do domínio islâmico.
c) a convivência entre pensamento racionalista e diversas formas de crenças no caráter maravilhoso do mundo.
d) um esforço europeu para impor sua hegemonia militar, política e comercial sobre a América e o litoral atlântico da África.
e) a ampliação do poder da Igreja, que passava a controlar as manifestações artísticas populares e perseguia os hereges.

Comentário: É notável que o texto expõe uma característica bem peculiar de parte da sociedade quinhentista: ao passo que via o progresso científico e o avanço do pensamento racionalista, constantemente eram relatados casos de busca de auxílio a outros métodos baseados na crença da magia e feitiçaria.


03) (PUCSP)

"Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar a fazenda, nem ter engenho corrente. E ao modo com que se há com eles depende de tê-los bons ou maus para o serviço."
Antonil. Cultura e opulência do Brasil (1711). São Paulo: Editora Nacional, 1967, p. 159

O texto, do início do século XVIII, trata da mão de obra escravista nos engenhos de açúcar. O autor
a) inquieta-se com a falta de trabalhadores assalariados e com o predomínio do trabalho compulsório na lavoura açucareira.
b) caracteriza o escravo como instrumento de produção que precisa ser controlado rigorosamente para que não se rebele.
c) interessa-se pela possibilidade de expansão das plantações de cana e pelo decorrente aumento da remessa do açúcar para Portugal.
d) revela sua disposição de defender o fim da escravidão no Brasil e importar mão de obra estrangeira para ter trabalhadores mais qualificados.
e) preocupa-se em destacar a importância do trabalho escravo na produção do açúcar e os cuidados que se deve ter no seu trato.

Comentário: O autor inicia o texto descrevendo a importância do negro na atividade economica açucareira, e complementa dissertando que o modo de tratamento dos escravos determina seu comportamento no serviço.


04) (PUCSP)

"O culpado se chama burguesia. (...) Sim, a pátria está subjugada, Paris desonrada e, amanhã, terá a canga prussiana presa em seu pescoço. Mas é ela, a burguesia, quem prendia as mãos da revolução e esmagava seus dedos (...)."
Jules Vallès. Le cri du peuple (1/3/1871), in Crônicas da Comuna. São Paulo: Ensaio, 1992, p. 17

O texto, escrito no calor da luta da Comuna de Paris, relaciona o movimento
a) à revolução social proletária e à resistência contra a invasão estrangeira da cidade.
b) ao nacionalismo francês e prussiano e à revolução política liderada pela burguesia.
c) à reforma constitucional e à ampliação dos mecanismos institucionais de participação política.
d) ao fim do poder republicano burguês e à restauração do império na França.
e) à instalação do comunismo e à necessária repressão aos anarquistas.

Comentário: O texto relata o período pós-comuna, onde o movimento proletariado tomou o poder na França. Entretanto esse movimento ocorre paralelo ao processo de expansão prussiano, e os recem chegados ao poder culpam o regime anterior pela derrota francesa.


05) (PUCSP)

"(...) após o bombardeio da base americana de Pearl Harbor, pelos japoneses, em dezembro de 1941, a neutralidade já não era possível. Sobretudo porque, em 1940, o governo do Brasil assinara um empréstimo com bancos norte-americanos para a construção da siderúrgica de Volta Redonda.
Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação. São Paulo: SENAC, 2008, p. 692

O texto se refere aos acontecimentos que precederam a entrada do Brasil, em 1942, na Segunda Guerra Mundial. Pode-se afirmar que o governo brasileiro, antes de romper sua neutralidade,
a) apoiara publicamente os países Aliados que, liderados por Inglaterra e Estados Unidos, pretendiam preservar a democracia e derrotar o totalitarismo nazifascista.
b) oficializara, perante órgãos internacionais, sua simpatia por Alemanha e Itália, países do Eixo, com quem havia assinado, no final da década de 1930, acordos de colaboração militar.
c) endossara as iniciativas pacifistas da Liga das Nações e havia tentado compor, juntamente com a Argentina, um pacto para a defesa militar do Atlântico Sul.
d) sustentara posição ambígua diante do conflito, pois havia se aproximado comercialmente dos países do Eixo e, ao mesmo tempo, sofria pressões norte-americanas para que apoiasse os Aliados.
e) temera que seu apoio aos Aliados ou ao Eixo fosse considerado uma adesão aos projetos totalitários que havia nos dois lados do conflito e que eram representados, respectivamente, por União Soviética e Alemanha.

Comentário: inicialmente o governo brasileiro, em ambas as grandes guerras, tentou manter uma neutralidade. Na época de Segunda Guerra Mundial, com Vargas no poder, a estratégia era tentar aproveitar-se do conflito para ascender comercialmente, por isso, o Brasil mantinha relações com ambos os lados do conflito. Por fim a pressão norte-americana conseguiu forçar o Brasil a entrar no conflito ao lado dos Aliados.

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